Ao fim de três dias de duríssimo combate às chamas, sob temperaturas que ultrapassaram os 40ºC e confrontados com ventos fortes em súbitas mudança de direção, o fogo que atacou outra vez a floresta do centro de Portugal, salpicada por pequenas aldeias, começa a parecer dominado, embora continuem muitos reacendimentos.
Desta vez não houve vítimas graves, mas ardeu uma dezena de casas, muitas máquinas agrícolas e perdeu-se muita floresta e terra de cultivo.
O fogo avançou na mesma região que há dois anos foi atingida por um devastador incêndio: Vila de Rei, Sertã e Mação.
Então esse fogo nos dias 15 e 16 de junho de 2017 levou 64 vidas.
Esse incêndio estendeu-se por uma área em círculo, deixando uma zona intecta no meio.
É o que ardeu agora.
A trágica lição de há dois anos foi aprendida.
Desta vez houve grande eficácia no combate ao fogo e, sobretudo à proteção das populações. O exército e todas as forças de segurança juntaram-se aos bombeiros e às equipas médicas no terreno – cerca de 1500 pessoas do pessoal de socorro e mais de 20 aviões e helicópteros.
Como alguém disse, parecia que havia um socorrista para acudir a cada morador. Houve eficácia extrema na proteção das pessoas. Mas o fogo foi tremendo
Em pouco mais de 48 horas, arderam mais de 8.500 hectares de floresta nos distritos de Castelo Branco e Santarém.
O fogo começou em Vila de Rei, centro geodésico de Portugal - em vários focos quase ao mesmo tempo, por isso há suspeitas fundadas de mão criminosa.
O fogo cresceu fortíssimo e rapidamente alastrou-se até ao vizinho concelho de Mação, atravessado pelo rio Tejo.
As causas deste incêndio – que, repito, se suspeita serem de origem criminosa - começam a ser conhecidas.
Só que para quem mora no centro do país, a culpa não é apenas dos incendiários e está identificada há muitos anos: "Dantes éramos aqui 50 crianças só nesta rua. Agora, não há nenhuma”, comenta uma avó que viu duas gerações partirem para as cidades.
A área ardida desde o início do ano mais do que duplicou ao longo do último fim de semana por causa dos incêndios que estão a consumir área florestal no centro de Portugal, contabiliza o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), uma página que monitoriza os fogos que consomem pelo menos 30 hectares.
Entre 1 de janeiro e 15 de julho, a área ardida em Portugal era de oito mil hectares.
Com os fogos deste último fim de semana, essa área aumentou para quase 17,5 mil hectares.
Em 2017, Portugal ardeu como não acontecia há anos — o fogo consumiu mais de 500 mil hectares.
E cerca de 10% da floresta ficou destruída.