Neste dia em que arrancam as duas semanas de campanha para as eleições presidenciais, nenhuma dúvida sobre quem vai ganhar.
As questões são:
- Com que percentagem vai ser reeleito o atual e muito consensual presidente Marcelo Rebelo de Sousa? Todas as sondagens confirmam a opinião generalizada de que vai ser eleito logo na primeira rodada com mais de 50% dos votos, provavelmente na casa dos 60%. Marcelo, social-democrata que se define do centro-direita cristão, vai receber muito voto dos socialistas que há 5 anos governam Portugal e com quem Marcelo Presidente tem desenvolvido cooperação harmoniosa (que mito irrita as direitas).
- A segunda questão é a de saber quem fica em 2º lugar na votação: a socialista Ana Gomes, desalinhada da direção do partido por posições radicais, ou o soberanista André Ventura, que introduz em Portugal o discurso da direita extrema, acusado pela maioria de racista e xenófobo. Há tendência para Ana Gomes levar a melhor nesse combate, embora os votos da esquerda fiquem dispersos por três candidatos: para além da socialista Ana Gomes, Marisa Matias, dirigente do Bloco mais à esquerda, e João Ferreira, dirigente comunista.
Há mais dois candidatos que dificilmente chegarão aos 5%: o meio desajeitado Tiago Mayan, da Iniciativa Liberal, e o popular Tino de Rans, calceteiro numa vila do norte de Portugal.
Esta campanha para as presidenciais em Portugal está a ser, em modo cortês, muito polido, Marcelo contra todos, para decidir se há segunda volta, e é todos contra Ventura, para o impedir do segundo lugar.
André Ventura, que é mais de oportunismos do que de convicções, é o populista que grita muito, repete a cada instante a palavra vergonha. Quando não grita, e se ouve quem com ele debate, começa a perder.
Marcelo quer debates suaves para não criar casos, exceto no único em que a suavidade era impossível, e aí deixou André Ventura de cabeça baixa, designadamente quando denunciou: o senhor, quando, como líder partidário, é recebido por mim no Palácio (presidencial) de Belém, é todo falinhas mansas; chega cá fora e é esta gritaria para as câmeras.
Está previsto que os portugueses votem daqui a duas semanas, mas desta vez praticamente não vai haver as tradicionais caravanas em campanha de rua em volta ao país.
É que se torna inevitável fechar o país, por causa da COVID-19, já nos próximos dias. É que a pandemia está em Portugal com números que são o pior de sempre, 10 vezes mais do que o verificado em abril.
Desde há 3 dias, efeito da descompressão no Natal, cerca de 10 mil contágios por dia e mais de 300 mortes nestes três dias. Os hospitais alertam que, apesar de reforçados e da mobilização geral, públicos e privados, estão à beira do colapso.
Há quem questione se vai ser possível votar nas presidenciais em 24 de janeiro.