O número total de nascimentos em Portugal registou um decréscimo de 25,1% nas últimas duas décadas, passando de 112.774 em 2001 para 84.426 em 2020, é o que resulta da análise comparada de dados do Instituto Nacional de Saúde e da base de dados estatísticos Pordata.
A maioria dos municípios com maior decréscimo localizam-se no interior das regiões Norte e Centro e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Há, porém, uma região onde o número de nascimentos continua a crescer, é como ficou dito a abrir, o Algarve, território turístico no sul do continente português, onde há um aumento de nascimentos, embora na ordem de apenas 4% nestes 20 anos.
Mas há no Algarve um dado a ter em conta: cerca de 25% dos partos são de mulheres estrangeiras, e, dentro deste grupo de nascimentos, cerca de 30% filhos de mães de nacionalidade brasileira.
Esta presença forte de jovens mães brasileiras no Algarve é relacionada com o atrativo do turismo, atividade dominante na região. A origem da maior parte das pessoas a trabalhar (com grande apreço dos clientes) na hotelaria, nos rent-a-car, em restaurantes, bares e mesmo na indústria do surf é brasileira. Muitos jovens brasileiros chegam ao Algarve já constituídos como casal, alguns conhecem-se e fazem família na região.
A pandemia com 18 meses de quase paralisação do turismo trouxe muita depressão ao Algarve, muita gente ficou sem trabalho e teve de tentar mudar de vida, alguns escolheram mesmo partir, mas agora, com 70% da população de Portugal vacinada, o turismo está outra vez em níveis máximos e o emprego retomou os níveis anteriores, o que propicia a confiança que volta a ser sentida designadamente por jovens naturais do Brasil, outra vez mais no mercado de trabalho do Algarve.
Noutras regiões portuguesas a presença de estrangeiros é menos expressiva e a taxa de natalidade segue em baixa contínua há 20 anos.
Investigadores académicos insistem que para ser conseguida a necessária
inversão do decréscimo da natalidade nos territórios do interior são necessárias políticas públicas de médio e longo prazo, com, por exemplo, reforço do subsídio mensal por cada filho em função do rendimento familiar.