Quando a pandemia do coronavírus atingiu a Austrália, Maria Fernanda Obregon, de Cali, na Colômbia e Adair Tognon, do Rio Grande do Sul, no Brasil, estavam planejando a mudança de Melbourne para Adelaide. A mudança deveria acelerar os planos para a residência permanente, após sete anos na Austrália.
“Tínhamos vendido tudo, falado com o corretor de imóveis e estávamos prontos para ir para Adelaide, então as divisas interestaduais foram fechadas”, disse Maria Fernanda.
Resumo da reportagem
- Outubro é o mês da conscientização do câncer de mama
- Número de diagnósticos de câncer de mama caiu durante a pandemia do coronavírus na Austrália. País registrou uma queda de 150 mil mamogramas para detecção precoce de janeiro a junho 2020.
- Maria Fernanda Obregon, estudante internacional em Melbourne, está em tratamento e compartilha sua experiência; das sessões de quimioterapia sem poder ter um acompanhante à generosa ajuda das comunidades colombiana, brasileira e australiana.
Maria Fernanda, que veio para a Austrália em 2013, era gerente de um restaurante no movimentado bairro de Docklands, mas com o trabalho escasso, e sem residência permanente, ela não teve acesso ao benefício emergencial do JobKeeper para os australianos afetados pela Covid.
Quando foi diagnosticada com câncer de mama, Maria Fernanda foi informada que tinha que iniciar o tratamento o mais rápido possível, os médicos prescreveram quimioterapia por seis meses, seguida de mastectomia, radioterapia e hormonoterapia.
Com sua família longe, na Colômbia, Maria conta que se sentiu muito sozinha. "Dar a notícia é algo complexo. Sempre falei para minha mãe que estava sendo bem tratada, eles estão informados o tempo todo. Tenho que fazer a quimioterapia sozinha, por causa das restrições da Covid, mas é o momento que estamos vivendo."
Acho que estou bem, mas temos que estar bem, porque não há outro caminho, temos que estar positivos tranquilos e confiantes que tudo vai dar certo.
Quando algo assim acontece, você tem muitas perguntas - o COVID-19 se torna a última coisa em que você pensa
O custo do tratamento emergencial e intensivo trouxe problemas financeiros para o casal.
Mesmo com seguro de saúde privado, ele não cobriria o custo total do tratamento - além do aluguel, contas e mensalidades da universidade.
Seu marido Adair, que trabalha como supervisor de limpeza em um prédio comercial, tinha alguma renda, mas isso também não seria suficiente.A solução foi apelar para a comunidade latina e brasileira na Austrália.
"A pandemia está afetando todo mundo, mas ao mesmo tempo as outras enfermidades não ‘pararam’, temos que estar mais cuidadosos," diz Maria Fernanda Source: Supplied
Amigos e colegas de trabalho se juntara, e lançara uma campanha arrecadação de fundos no Facebook.
Depois de um mês, a arrecadação de fundos já havia arrecadado quase AU$30 mil de sua meta de AU$45mil.
"Estou agradecida e surpreendida, as comunidades colombiana, brasleira, australiana, a campanha de angariação de fundos para me ajudar com todo esse tratamento, não sei quanto tempo vou ficar sem trabalhar. Ainda falta a cirurgia, e muitas coisas que não sei mas que aparecerão."
Estudantes como eu, que também perderam seu trabalho, que estão sofrendo com a pandemia, que me ajudaram financeiramente com o pouco que tinham – essa é a parte bonita em meio a tudo isso.
Maria Fernanda conta que as sessões de quimioterapia estão funcionando, o câncer em estágio 3 desapareceu, dos 3 tumores, agora são apenas dois. "Isso não sinifica que estou livre do câncer, mas estou feliz que está dando tudo certo,"diz.
"Lutar, estar positiva, apesar de ser uma palavra forte câncer, há uma esperança de vida, tudo na vida é passageiro, o importante é viver dia a dia e não se preocupar."