'É nas favelas que a Covid-19 causa maiores danos': Austrália e o SOS Favela

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O governo australiano entrou em contato com a Viva Rio e ofereceu ajuda na aquisição das cestas básicas e itens de higiene para as famílias mais afetadas. Source: vivario.org.br/sosfavela

“Nós começamos com um plano de auxiliar cinco favelas e 2 mil famílias e terminamos atendendo 450 favelas e beneficiando mais de 36 mil famílias,” diz Rubem Cesar Fernandes, líder do SOS Favela, projeto que levou milhares de cestas básicas às famílias dos morros cariocas mais impactados pela Covid-19. “É nas favelas que a Covid-19 e o distanciamento social causam maiores danos,” diz Rubem. O Projeto contou com o apoio do governo australiano. Ouça aqui o segundo dos cinco episódios da série Austrália no Brasil, de parcerias e apoio entre os dois países.


"O SOS Favela foi mais do que um projeto, foi um movimento, uma onda de solidariedade muito forte não só no Rio de Janeiro, mas no Brasil inteiro," conta Rubem Cesar Fernandes, diretor da Viva Rio, organização social responsável por um dos programas solidários de maior sucesso no Brasil. 

A maioria das contribuições para o SOS Favela veio das doações de indivíduos. A campanha foi lançada em março de 2020, quando a pandemia do coronavírus começava a se mover dos bairros turísticos no Rio de Janeiro.

Ali os efeitos devastadores da pandemia são vistos até hoje. Os moradores, muitos vivendo da economia informal, sofreram redução drástica de sua renda mensal e as crianças estão em casa, sem escola e sem merenda. A densidade de pessoas por m² e as péssimas condições sanitárias tornam as favelas e periferias pobres do Rio de Janeiro terreno fértil para a propagação rápida do coronavírus, agravando os riscos de infecção para todos.

Foi assim, explica Rubem, que nasceu o ‘movimento’ SOS Favela, que quando foi lançado comoveu a sociedade brasileira e ganhou muita exposição da mídia, atraindo a atenção de grandes empresas e das embaixadas de dois países: da Austrália e do Canadá.
Viva Rio_Rubem Cesar Fernandes
“Tivemos uma onda de doações sem precedentes no início da pandemia. Hoje em dia estamos com dificuldade de ter o mesmo nível de doação e apoio. Hoje o Brasil está muito pior que no início da pandemia,"diz Rubem Cesar Fernandes, diretor da Viva Rio Source: vivario.org.br/sosfavela
O governo australiano entrou em contato com a Viva Rio e ofereceu ajuda na aquisição das cestas básicas e itens de higiene para as famílias mais afetadas. 

O Programa de Ajuda Direta da Austrália (DAP) é um programa de pequenas doações projetado para reduzir a pobreza e alcançar o desenvolvimento sustentável, e responder a questões humanitárias urgentes disse à SBS em Português, um porta voz do Departamento de Relações Exteriores da Austrália, DFAT. 

Em 2019-20, o DAP apoiou projetos sociais brasileiros focados na resposta à pandemia da Covid-19, , redução da pobreza, , bioeconomia amazônica e promoção de empregos para ex-presidiárias.

“A ajuda australiana auxiliou na compra das cestas básicas, mas com todos contribuindo um pouquinho, construímos algo muito maior,” diz Rubem. 
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A Viva Rio criou o SOS Favela, um programa de doação de alimentos e itens essenciais para famílias moradoras de favelas e periferias pobres, que ganhou auxílio do Programa de Ajuda Humanitária da Austrália, o DAP Source: vivario.org.br/sosfavela
O sistema de distribuição e fornecimento das cestas do SOS Favela é inovador: ocorre nos mercadinhos das próprias comunidades. Moradores cadastrados buscam os produtos que precisam nesses mercados, que são pagos por transferência bancária contra notas fiscais que registram o CPF dos beneficiários. 100% do dinheiro doado vai para as famílias, 0% para logística.
A solidariedade é como o amor, a paixão, ela cresce depois esfria um pouco, diminui o fervor, o movimento (de doações) é em ondas, não é uma estrutura linear. Tivemos um apoio sem precedentes no começo da pandemia, agora estamos com dificuldade de ter o mesmo nível de doação e apoio
Para Rubem, priorizar a economia, manter o comércio aberto, em detrimento da saúde e medias mais restritivas pde controle da Covid acaba custando mais. “Não tem como superar a epidemia e manter tudo aberto. É também nas favelas que o distanciamento social causa maiores danos. Foi uma conjunção de fatores, um governo que ignorou o vírus, a crise econômica e o comportamento do brasileiro, que é irreverente, rebelde e não se importa. Alguns ainda fazem festas escondidas, como se não conseguissem ficar sem fazer festa, esse tipo de comportamento tornou a situação ainda pior.”
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A campanha foi lançada em março de 2020, quando a pandemia do coronavírus começava a se mover dos bairros turísticos no Rio de Janeiro para os morros cariocas. Source: vivario.org.br/sosfavela
A vacinação caminha a passos lentos no Brasil, o país ainda é um dos mais impactados no mundo pela epidemia e passa por uma de suas piores ondas, registrando recordes diários em números de mortos e infectados. Rubem espera que os próximos meses serão difíceis (quando essa entrevista foi feita a média móvel de mortos por Covid era de 2 mil pessoas por dia no Brasil) mas que no segundo semestre, com a 'vacina no horizonte', a situação deve melhorar.

“Estamos atravessando um deserto mas a vacina está ao nosso alcance, ainda vamos sofrer muito nos próximos meses mas no segundo semestre acredito que estaremos em melhor situação.”

Enquanto isso, o continua distribuindo cestas e auxiliando as famílias. Ouça a entrevista completa com o Rubem Cesar Fernandes, Diretor da Viva Rio – sobre o projeto brasileiro a participação do Australian Aid – clicando no botão play da imagem que abre essa reportagem.
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