Casos de abuso sexual cresceram até 2,4% nos últimos cinco anos. Casos de assédio e atentado ao pudor aumentaram 4,4% no mesmo período, conforme relatório do NSW Bureau of Crime Statistics and Research, o departamento de pesquisa e estatísticas criminais do estado de Nova Gales do Sul. Os crimes sexuais foram os únicos que registraram crescimento, além do furto e roubo a lojas. Todos os outros crimes diminuíram.
E o metrô de Sydney é um dos locais escolhidos pelos criminosos para abordar suas vítimas, que geralmente são mulheres desacompanhadas e, por isso, mais vulneráveis aos ataques. A Detetive Superintendente Linda Howlett, Comandante do Esquadrão de Crimes Sexuais, confirma que houve um "crescimento estável" em crimes sexuais nos trens.
As brasileiras relatam os casos de assédio e abuso nesta entrevista à SBS. Uma das vítimas - que identificamos como Raquel - teve o nome trocado para preservar sua identidade.
Segundo a Coordenadora Executiva dos Serviços de Estupro e Violência Doméstica da Austrália, Karen Willis, a maioria das mulheres - e até meninos - já foram vítimas de crimes sexuais no metrô, mas as vítimas simplesmente não falam sobre isso com ninguém. Ela acrescenta que a maioria das pessoas também já testemunhou alguma forma de abuso sexual no trem, mas preferiu não se envolver.
A Comandante do Esquadrão de Crimes Sexuais, Linda Howlett, e a Coordenadora dos Serviços de Estupro da Austrália, Karen Willis, explicam como as testemunhas podem ajudar.
Elas dizem que é importante garantir sua própria segurança, mas dão dez dicas de como acabar com a violência.
1. Faça barulho e mostre para o agressor que você está vendo!
2. Faça o abusador passar vergonha. Se o trem estiver cheio, grite!
3. Pare entre o agressor e a vítima e envolva os outros passageiros. Se alguém começar a falar, os outros vão ajudar!
4. Sente ao lado da vítima e fale com ela, que se sentirá menos vulnerável.
5. Se necessário, mude de vagão.
6. Fotografe e filme, porque isso talvez faça o abusador parar e vai ajudar a polícia.
7. Aperte o botão de emergência do metrô para avisar o guarda.
8. Passe seu nome e telefone para a vítima, e pegue os contatos de outras testemunhas também, se possível.
9. Ligue para a polícia, que poderá estar esperando na próxima estação.
10. Faça um Boletim de Ocorrência.
"Pesquisas comprovam que, se alguém se manifestar primeiro, outros vão ajudar. Você não está sozinha", garante Karen.
O Sydney Trains se manifestou através de nota, traduzida abaixo, na íntegra.
"O Sydney Trains trata seriamente qualquer incidente envolvendo comportamento sexual não desejado no metrô.
Nós incentivamos qualquer pessoa que se sinta desconfortável devido às ações de outros, que reportem imediatamente os fatos aos funcionários do Sydney Trains e à polícia.
Quando um caso de assédio ou abuso sexual é vivenciado por um passageiro, nós temos pessoal treinado para, em um primeiro momento, dar apoio e um lugar seguro para conversar.
Os funcionários também são treinados para registrar todos os detalhes possíveis de um incidente para ajudar a polícia nas investigações.
Quando nosso pessoal é informado sobre um incidente, trabalhamos junto com o Comando de Transporte da Polícia, que tem poderes para investigar e deter os agressores.
Nossas maiores estações de metrô tem funcionários durante as horas em que estão abertas. Em alguns trens e em todas as estações, existem pontos de apoio de emergência que estão diretamente conectados com a equipe de segurança 24 horas por dia, sete dias por semana. Também temos mais de DEZ MIL câmeras de segurança monitorando a rede.
Se um passageiro sente que não recebeu o apoio necessário, pedimos que entre em contato diretamente com o Sydney Trains através do telefone 131 500. Assim, podemos investigar o incidente."