Compreender o que está a acontecer implica – para começar – dispormos de informação independente, fiável, transparente, honesta – sem protecionismos a partir do lugar onde tudo começou – a China.
Por lástima – o modelo de controlo chinês com limitação drástica do trabalho de repórteres no terreno, repressão dos locais e casos de expulsão de jornalistas estrangeiros, como aconteceu há um mês com os correspondentes do Washington Post, do New York Times e do Wall Street Journal faz lembrar a atmosfera passada do tempo da Guerra Fria agora com a China no papel de União Soviética.
De facto – falta-nos saber – quase tudo sobre o processo deste coronavirus – na China.
A organização, com sede em Paris, Repórteres sem Fronteiras acaba de divulgar a avaliação que faz – a partir de estudos em cada país sobre o estado da liberdade de imprensa.
Estão avaliados – 180 países A China aparece no 4º lugar a contar do fim posição 177 piores – apenas a Eritreia, o Turqueministão e a Coreia do Norte.
A China acusada de instalar dispositivos de censura massivos. Esta avaliação e classificação anual promovida pela Repórteres sem Fronteiras considera a independência dos meios jornalisticos em cada país, a transparência e a qualidade da infraestrutura que suporta a produção de notícias e as redes de informação.
Os países escandinavos, sistematicamente surgem no topo este ano, por esta ordem, Noruega (lidera há já 4 anos), Finlândia, Dinamarca e Suécia, depois – a Holanda a seguir – 6º lugar, a Jamaica logo depois – a Costa Rica – bastião tradicional de valores fundamentais.
Oitava posição para a Suiça, nona para a Nova Zelândia, 10ª para Portugal.
Apesar da crise de sustentabilidade que tanto tem estrangulado a reportagem e a vida das redações de referência – com a publicidade a escapar-se para o marketing de precisão da google e do facebook Portugal está no top 10 mundial de liberdade de imprensa nesta classificação que envolve 180 países.
A Alemanha aparece logo a seguir, 11º lugar, Espanha, 29º, a França remetida para o 34º, o Reino Unido, penalizado por ameaças a repórteres na Irlanda do Norte, cai para 35º e os Estados Unidos – no lugar 45 a Rússia no 149.
Pelo meio, Cabo Verde na 25ª posição da liberdade de imprensa – imediatamente à frente da Austrália, Timor septuagésimo oitavo, Moçambique, Angola e Brasil entre os lugares 104 e 107.
Lá para o fundo da tabela Venezuela 147, Turquia 154, Arábia Saudita 170, Irão 173.
Os relatores da Repórteres sem Fronteiras inquietam-se muito sobre o que será a liberdade, o pluralismo e a fiabilidade da informação nestes próximos 10 anos.
Líderes democraticamente eleitos, Duterte nas Filipinas, Orban na Hungria, Bolsonaro no Brasil, Trump nos Estados Unidos exploram e beneficiam de campanhas de manipulação por desinformação sobretudo através de redes sociais.
Agora, alerta a RSF, a pandemia está a ser fator multiplicador da deterioração e pretexto para poderes politicos controleiros aplicarem estratégias de choque fazerem passar o que não conseguiriam em tempo normais.
Em muitos países está ainda mais ameaçadas as garantias democráticas para a liberdade de opinião e de expressão ao mesmo tempo que prolifera a pandemia de desinformação que se propaga pelas redes sociais misturando propaganda, publicidade, rumores, mentiras e informação jornalistica há que combater com tenacidade esta ameaça do vírus – sobre o jornalismo.