O português Mário Centeno, em franco desafio às receitas de austeridade da ortodoxia financeira europeia, conseguiu, em escassos dois anos, meter as contas portuguesas na ordem, tirar Portugal do défice excessivo e fazer a dívida soberana portuguesa sair da classificação como lixo.
Centeno, como ministro das Finanças que a maioria não conhecia, conseguiu, em dois anos, dar sustentabilidade à gestão financeira do Estado português.
Com estas opções políticas contrárias à linha até então dominante na Europa, a economia portuguesa passou a ser a que mais cresce na Europa. O crescimento duplicou em dois anos.
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Os méritos de Centeno são indiscutíveis. Tanto que acaba de ser escolhido, com o apoio propulsor da Alemanha de Merkel, da França de Macron, da Itália de Gentilloni e da Espanha de Rajoy, portanto juntando as duas famílias políticas dominantes na Europa, conservadores e sociais democratas, para passar a liderar o Eurogrupo, ou seja, o grupo de 19 ministros das Finanças da moeda única europeia.
Cabe a Centeno fixar a agenda das reuniões e conduzir a busca de consensos.
Centeno apresentou-se como candidato ao cargo, não como aluno disciplinado e obediente de Berlim, mas para demonstrar que havia alternativas à austeridade a todo o custo, mantendo os compromissos do défice e criando as condições para um maior crescimento, devolvendo dinheiro às famílias e incentivando o consumo interno.
O ministro das Finanças de Portugal vai estar no centro deste debate fundamental para o futuro da União Europeia. Tem a tarefa de preparar a União Bancária Europeia e o Fundo Monetário Europeu.
Centeno é apoiante da ambiciosa visão para a Europa que o presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou em Setembro, na Sorbonne.
São propostas que assentam na ideia de que é necessária mais integração, mas que a essa maior partilha de soberania deve corresponder maior partilha das responsabilidades sociais e alguns passos no sentido da harmonização fiscal.
Abre a porta ao financiamento europeu de parte dos subsídios de desemprego em caso de crise num determinado país.
A harmonização fiscal (que a Alemanha aceita) continua a ter a oposição do Luxemburgo e da Irlanda, que funcionam como paraísos fiscais dentro da própria União, ainda que de modo diferente.
A negociação vai ser complexa mas há um novo horizonte na política financeira da Europa, mais solidária. Com o português Mário Centeno a conduzir o .